Há certos dias em que tudo parece estar conjurado contra nós, fazendo-nos sofrer. Desde cedo, os espinhos! Esquecimentos, desprezos, indiferença dos amigos, repreensões imerecidas, contratempos, dores físicas, mal-estar, cansaço!
Ai, Jesus, que tédio, que dia triste e sombrio! Nessas ocasiões precisamos ter coragem e abraçar a cruz com generosidade. Não queremos penitências.
Horrorizam-nos os cilícios, disciplinas e jejuns. Haverá jejum mais difícil do que se impõe à língua, quando ela quer queixar-se e até blasfemar?
E, mais doloroso do que qualquer disciplina ou cilício, não é o martírio lento da monotonia de uma vida pesada e cheia de pequeninos sacrifícios, contratempos e mil outros sofrimentos cotidianos? Ninguém vive sem cruz, seja rei ou papa.
Ninguém escapa às vicissitudes e dores inevitáveis. Não digais: “Não posso rezar”. Podeis, sim, podeis! Com um pouco de boa vontade se acalma o coração.
Não é Maria a Consoladora dos aflitos?
(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano.
Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 23)