Quinta-feira da Terceira Semana depois da Páscoa

Da oração depende a nossa salvação

Si quis vestrum indiget sapientia, postulet a Deo, qui dat omnibus affluenter, et non improperat – “Se alguém de vós necessita de sabedoria, suplique-a de Deus, que a todos dá liberalmente, e não impropera” (Tg 1, 5)

Sumário. A oração é não só útil à salvação, mas mesmo necessária, porque de um lado somos incapazes de fazer obras boas sem o auxílio de Deus, e do outro, o Senhor, ainda que nos queira dar este auxílio, de ordinário não o dá senão a quem ora. Se, pois, queremos salvar-nos, devemos orar até à morte, pois desde que cessemos de orar, estaremos perdidos. Devemos orar não só por nós mesmos, como também pelo próximo e especialmente pelos pecadores e pelas almas do purgatório. .

I. A oração não só é útil à salvação, mas também necessária. Pelo que Deus, querendo salvar-nos, nos impõe o preceito da oração: Oportet semper orare et non deficere (1) — “Importa orar sempre e não cessar” . A razão desta necessidade de nos recomendarmos muitas vezes a Deus, baseia-se na nossa impotência para fazer, sem o auxílio divino, uma boa obra qualquer (2), mesmo para concebermos algum bom pensamento (3), e daí para nos defender contra o demônio, que não deixa de andar ao redor de nós para nos tragar.

É verdade; foi erro de Jansênio, condenado pela Igreja, o dizer que nos é impossível guardar certos mandamentos e que algumas vezes nos falta a graça para podermos observá-los. Deus é fiel, diz São Paulo, e não permitirá que sejamos tentados acima de nossas forças (4). Mas é igualmente verdade que Deus quer ser rogado; quer que nas tentações a Ele recorramos a fim de obtermos a graça para resistir. “ Deus quer dar as suas graças ”, diz Santo Agostinho, “mas, especialmente no tocante à perseverança, não a dará senão a quem a pedir.” E em outra parte acrescenta: “ Lex data est, ut gratia quaereretur; gratia data est, ut lex impleretur — A lei foi dada para que se procure a graça; a graça foi dada para que se cumpra a lei”. O que exprimiu muito bem o Concilio de Trento quando disse: “Deus não manda coisas impossíveis; mas mandando, exorta-nos a que façamos o que está ao nosso alcance, e que peçamos o que excede nossas forças, a fim de que possa vir em nosso auxílio.” (5)

Numa palavra, o Senhor está todo disposto a dar-nos o seu auxílio, para não sermos vencidos; mas só dá este auxílio àqueles que o invocam no tempo das tentações, especialmente nas tentações contra a castidade, como disse o Sábio: Et ut scivi, quoniam aliter non possem esse continens, nisi Deus det… adii Dominum et deprecatus sum illum (6) — “Como eu sabia que de outra maneira não podia ter continência, se Deus ma não desse… recorri ao Senhor, e fiz-Lhe a minha súplica ”.

II. Oremos, pois, e oremos com confiança. Jesus Cristo está agora assentado num trono de graças para consolar a todos os que a Ele recorrem e diz: Petite et dabitur vobis (7) — “Pedi e ser-vos-á dado” . No dia do juízo Jesus estará também assentado num trono, mas num trono de justiça. Que loucura seria a daquele que, podendo ser aliviado de suas misérias indo agora a Jesus, que oferece as suas graças, quisesse somente dirigir-se a Ele quando for juiz e não tiver mais misericórdia?

Avisa-nos São Tiago: “ Se alguém de vós necessita de sabedoria, suplique-a de Deus, que a todos dá liberalmente, e não impropera… Mas suplique com fé, nada duvidando. ” Por sabedoria se entende aqui o saber salvar a alma, e para que tenhamos tal sabedoria, se diz que devemos pedi-la a Deus. E Deus nô-la dará, e nô-la dará superabundantemente, mais do que nós pedimos. — Se quisermos salvar-nos, é mister que até à morte oremos, dizendo: Meu Deus, ajudai-me! † Meu Jesus, misericórdia! † Doce Coração de Maria, sede minha salvação! — No dia em que deixamos de rezar, estaremos perdidos.

Roguemos por nós mesmos e pelos pecadores, especialmente pelos que estão em agonia e hão de morrer neste dia. Esta oração agrada muito a Deus. Roguemos também cada dia pelas almas do purgatório; estas santas prisioneiras são em extremo gratas a quem ora por elas. — Em todas as nossas orações, peçamos a Deus as graças pelos merecimentos de Jesus Cristo, porquanto Ele mesmo nos ensina que nos será dado tudo quanto pedirmos a Deus em seu nome: Amen, amen, dico vobis: si quid petieritis Patrem in nomine meo, dabit vobis (8) — “Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes a meu Pai alguma coisa em meu nome, Ele vô-la dará ”.

— Meu Deus, eis o que antes de tudo Vos peço pelos méritos de Jesus Cristo: fazei que em toda a minha vida, e especialmente no tempo das tentações, me recomende a Vós e implore o vosso auxílio por amor de Jesus e Maria. — Virgem Santíssima, obtende-me esta graça, da qual depende a minha salvação.

Referências:

(1) Lc 18, 1 (2) Jo 15, 5 (3) 2 Cor 3, 5 (4) 1 Cor 10, 13 (5) Sess. 6, c. 11. (6) Sb 8, 21 (7) Mt 7, 7 (8) Jo 16, 23

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 47-49)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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