Quinta-feira da Vigésima Quarta Semana depois de Pentecostes

Amor de Jesus na instituição do Santíssimo Sacramento, antes de ir morrer

Dominus Iesus, in qua nocte tradebatur, accepit panem … et dixit: Hoc est corpus meum – “O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão… e disse: Isto é o meu corpo” (I Cor 11, 23)

Sumário. Porque os testemunhos de amor, dados pelos amigos no momento de morrer, se gravam mais fundo na memória e se conservam mais preciosamente, o Senhor quis instituir a santíssima Eucaristia na véspera de sua morte. Ó prodígio de amor! Os homens preparam para Jesus açoites, espinhos e uma cruz, e ele escolhe exatamente esse tempo para nos dar a prova mais preciosa de seu amor. Este amor de Jesus convida-nos a que lhe correspondamos pelo nosso afeto e façamos alguma coisa por seu amor.

I. O Santíssimo Sacramento é um dom feito unicamente por amor. Segundo os decretos divinos, foi necessário para nossa salvação que o Redentor morresse e que, pelo sacrifício de sua vida, satisfizesse à divina justiça pelos nossos pecados. Mas que necessidade havia que Jesus Cristo se nos desse em sustento, depois de sua morte? Assim o quis o seu amor. Se Ele instituiu a Eucaristia, diz São Lourenço Justiniani, foi unicamente para nos fazer compreender o imenso amor que nos tem.

É o que escreve também São João: Sciens Iesus quia venit hora eius (1) — Sabendo Jesus que era chegado o tempo de deixar a terra, quis deixar-nos a maior prova de seu amor, isto é, o dom do Santíssimo Sacramento. Tal é o precisamente o sentido destas palavras: In finem dilexit eos – “Amou-os até o fim” , isto é, segundo a explicação de Teofilato e São João Crisóstomo, extremo amore, summe dilexit eos — “amou-os com amor extremo” .

— E observemos o que nota o Apóstolo: o tempo em que Jesus nos quis fazer este donativo, foi o de sua morte: na noite em que foi entregue. Enquanto os homens preparavam açoites, espinhos e uma cruz para o supliciarem, é que o bom Salvador nos quis dar este último penhor de sua ternura.

Mas porque instituiu este sacramento no momento de sua morte, e não antes? Diz São Bernardino que Jesus assim fez, porque os testemunhos de afeto dados pelos amigos no momento da morte, se imprimem mais profundamente na memória e mais preciosamente se conservam. Jesus Cristo, continua o mesmo Santo, já se nos tinha dado por muitos modos: por amigo, por mestre, por pai, por guia, por modelo, por vítima. Restava um último grau de amor, que era dar-se por alimento, a fim de se unir todo a nós, assim como o sustento se une ao que o toma, e é o que fez dando-se-nos no Santíssimo Sacramento.

II. Dizia o Padre Colombière:

“Se alguma coisa pudesse abalar a minha fé no mistério da Eucaristia, não duvidaria do poder que Deus nele manifesta, mas sim do amor que Deus nos mostra no Santíssimo Sacramento. A pergunta: como é que o pão se torna o corpo de Jesus? Como é que Jesus está presente em diversos lugares? Respondo que Deus tudo pode. Mas se me perguntarem como é que Deus pode amar o homem a ponto de se lhe dar em alimento? Não sei responder senão que não o compreendo e que o amor de Jesus é incompreensível.”

Ah, bem se vê, ó meu Senhor, que o amor não reflete, e faz o amante esquecer-se da própria dignidade, e, como diz São João Crisóstomo, quando o amor se quer patentear ao amado, não vai aonde convém, mas aonde o leva o seu ardor: Amor ratione caret .

O amor imenso de Jesus convida-nos a que lhe correspondamos com outro tanto amor. Ad nihil amat Deus, nisi ut ametur — Deus, diz São Bernardo, não ama senão para ser amado. Se, pois, o amor de Jesus para conosco o levou a sacrificar-se todo para nosso bem, justo é que nós também nos sacrifiquemos todos para sua glória e o amemos tanto quanto deseja.

Ó amor infinito de Jesus, digno de infinito amor! Quando, ó meu Jesus, Vos amarei assim como Vós me amastes? Vós não tendes mais o que fazer para serdes amado por mim; e eu tive ânimo para Vos abandonar, a Vós, ó Bem infinito, a fim de correr atrás de bens vis e miseráveis! Ó meu Deus, suplico-Vos que me ilumineis, descobri-me cada vez mais as grandezas de vossa bondade, a fim de que me inflame todo no vosso amor e me esforce por Vos agradar. Amo-Vos, † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas ; e muitas vezes me quero unir a Vós no Santíssimo Sacramento para me desprender de tudo e amar somente a Vós, minha vida, meu amor, meu tudo. Socorrei-me, Redentor meu, pelos merecimentos de vossa paixão.

— Também vós, ó Mãe de Jesus e minha Mãe, Maria, rogai a Jesus que me abrase todo no seu amor.

Referências:

(1) Jo 13, 1

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 235-238)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.