Quinta-feira da Vigésima Segunda Semana depois de Pentecostes

Felicidade dos religiosos em morarem junto com Jesus no Santíssimo Sacramento

Beati qui habitant in domo tua, Domine; in saecula saeculorum laudabunt te – “Bem-aventurados, Senhor, os que moram em tua casa; pelos séculos te louvarão” (Sl 83, 5)

Sumário. Se os mundanos estimam tanto serem chamados pelos reis para habitarem nos seus palácios, quanto mais os religiosos devem estimar o habitarem continuamente com o Rei do céu em sua casa? Meu irmão, já estás morando muito tempo com Jesus Cristo debaixo do mesmo teto; mas que fruto tiraste até agora de sua presença?… Procura ao menos aproveitá-la para o futuro, demorando-te o mais possível a seus pés, expandindo ali os teus afetos, as tuas aflições, os teus desejos de amá-Lo de todo o coração e de O contemplar um dia no céu.

I. A Venerável Madre Maria de Jesus, fundadora de um instituto em Tolosa, dizia que por dois grandes motivos estimava a sua felicidade de ser religiosa: o primeiro, porque os religiosos são todos de Deus pelo voto de obediência; segundo, porque os religiosos têm a ventura de habitar sempre com Jesus sacramentado. — E na verdade, se os mundanos estimam tanto serem chamados pelos reis para habitarem nos seus palácios, quanto mais os religiosos devem estimar o habitarem continuamente com o Rei do céu na sua casa?

Nas casas religiosas, Jesus se deixa ficar na igreja expressamente para eles, a fim de que O achem a toda hora. Os seculares podem ir visitá-Lo apenas de dia, e em muitas partes só de manhã; mas o religioso acha-O no sacrário sempre que O procure: de manhã, de dia e de noite. Aí pode entreter-se continuamente com seu Senhor, e aí Jesus se compraz em tratar familiarmente com seus amados servos, que Ele para este fim tirou do Egito, isto é, do mundo, para nesta vida lhes fazer companhia, escondido no Santíssimo Sacramento, e na outra, ser-lhes companheiro, mas então descoberto, no céu. A respeito de qualquer casa religiosa pode-se dizer:

“Ó beata solidão, em que Deus fala e trata familiarmente com os seus!” (1)

As almas que amam deveras a Jesus Cristo não sabem desejar na terra outro paraíso mais perfeito do que acharem-se na presença de seu Senhor sacramentado, que aí está por amor de quem O procura e visita. Non habet amaritudinem conversatio illius, nec taedium convictus illius (2) — “A sua conversação não tem nada de desagradável, nem a sua companhia nada de fastidioso” . Acha fastio junto de Jesus quem não O ama; mas uma alma que nesta terra pôs o seu amor só em Jesus, acha no Santíssimo Sacramento todo o seu tesouro, o seu repouso, o seu paraíso. Por isso, só pensa em fazer corte a seu Jesus sacramentado e em visitá-Lo o mais que puder, expandindo ao pé do altar os seus afetos, as suas aflições, os seus desejos de amá-Lo e de vê-Lo um dia face a face no paraíso e entretanto cumprir em tudo a sua vontade.

II. Eis-me aqui na vossa presença, ó meu Jesus sacramentado. Vós sois aquele que um dia Vos sacrificastes por mim na cruz. Vós sois aquele que tanto me amais e por isso residis encerrado neste cárcere de amor. De entre tantos que menos do que eu Vos tinham ofendido e mais do que eu Vos amavam, me escolhestes, por vossa bondade, para Vos fazer companhia nesta casa, onde, depois de me arrancardes do meio do mundo, me destinastes a viver sempre unido convosco, para me conservardes depois junto de vosso trono a louvar-Vos e amar-Vos no reino eterno. Senhor, eu Vos agradeço. Como podia merecer tamanha ventura?

Elegi abiectus esse in domo Deis mei, magis quam habitare in tabernaculis peccatorum (3) — “Preferi estar aviltado na casa de meu Deus, a morar nas tendas dos pecadores” . Sim, contente estou, meu Jesus, por ter deixado o mundo e antes quero fazer na vossa casa o oficio mais humilde, do que morar nos mais soberbos palácios dos homens. Aceitai-me, pois, meu Senhor, para ficar convosco toda a minha vida; não me expulseis, como eu merecia. Consenti que no meio de tantos bons irmãos que Vos servem nesta casa Vos sirva também eu mísero pecador. Muitos anos vivi longe de Vós: mas já que me iluminastes para conhecer a vaidade do mundo e a minha insensatez, não me quero mais afastar de Vós, ó meu Jesus. A vossa presença me animará no combate quando for tentado: a vossa proximidade me recordará a obrigação que tenho de Vos amar e de recorrer sempre a Vós nos meus combates contra o inferno. Por isso sempre quero estar perto de Vós, para cada vez mais me unir e abraçar-me convosco.

Amo-Vos, ó meu Deus, escondido neste Sacramento. Vós, por meu amor, estais continuamente neste altar; por vosso amor quero ficar o mais possível na vossa presença. Vós, aqui encerrado, estais-me sempre amando; eu também aqui encerrado quero amar-Vos sempre. Assim, meu Jesus, meu amor, meu tudo, estaremos sempre juntos, no tempo nesta casa, na eternidade no céu. Assim espero, assim seja.

— Maria Santíssima, obtende-me um grande amor ao Santíssimo Sacramento.

Referências:

(1) S. Hieron. (2) Sb 8, 16 (3) Sl 83, 11

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 199-202)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.