Quinta-feira da Vigésima Terceira Semana depois de Pentecostes

O que tenha de fazer a alma na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento

Delectare in Domino, et dabit tibi petitiones cordis tui – “Deleita-te no Senhor, e te outorgará as petições do teu coração” (Sl 36, 4)

Sumário. Estas palavras ensinam-nos como temos de nos haver na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento. Diante do tabernáculo, agradeçamos ao Senhor os muitos benefícios que nos fez, especialmente o querer Ele ficar conosco sobre o altar; amemo-Lo com todas as nossas forças e ofereçamo-nos a Ele sem reserva. Afinal supliquemos a Jesus Cristo as graças de que necessitamos, principalmente o aumento do amor e a união à sua vontade divina. Oh! Se nós soubéssemos aproveitar bem da companhia de nosso divino amante, em breve seríamos todos santos.

I. A condessa de Feria, feita religiosa de Santa Clara, escolheu uma cela donde se avistava o altar do Santíssimo Sacramento, e aí se demorava quase todo o tempo, de dia e de noite. Perguntada sobre o que fazia durante longas horas na igreja, respondeu:

“Ah! Eu ficaria ali durante toda a eternidade. Que é o que se faz diante do Santíssimo Sacramento? Agradece-se, ama-se e pede-se.”

— Eis ai, meu irmão, um belo método para aproveitares bem o tempo na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento.

Em primeiro lugar, agradece-se. És tão agradecido a um parente que veio de longe para te visitar, e não tens uma palavra de gratidão para Jesus Cristo, que desceu do céu, não só para te visitar, mas para estar sempre contigo? Quando, pois, o visitares, antes de mais nada aviva a tua fé, adora o Esposo de tua alma e rende-Lhe graças pela bondade com que por teu amor fixou a sua morada sobre esse altar.

Em segundo lugar, ama-se. Quando São Filipe Neri na sua doença viu o santo Viático em seu quarto, exclamou todo abrasado em amor: Eis ai o meu amor! Eis ai o meu amor! Assim dize tu também, quando vires a sagrada Custódia; multiplica então os atos de amor que tanto agradam a Jesus, e renunciando a toda vontade própria consagra-te a Ele todo e sem reserva, dizendo: Senhor, fazei com que eu sempre Vos ame, e depois disponde de mim como Vos agradar.

Por fim, pede-se. O Venerável Padre Alvarez viu no Santíssimo Sacramento Jesus com as mãos cheias de graças, mas sem achar a quem distribuí-las, porque ninguém ia pedi-las. Portanto, pede-as tu; roga-lhe que te dê força para resistir às tentações, para te emendar de qualquer defeito, para te livrar de alguma paixão… Pede-lhe em particular que aumente em teu coração a chama de seu amor e te conserve bem unido a sua santa vontade, fazendo-te sofrer em paz todos os desprezos e contrariedades. Ah! Se todas as almas fizessem assim e soubessem aproveitar-se bem da companhia de seu divino Esposo, em breve todas se tornariam santas.

II. Ó meu Jesus, eu vos adoro no Santíssimo Sacramento do altar. Vós sois o mesmo Jesus que um dia por meu amor sacrificastes a vossa vida divina sobre a cruz e agora estais encerrado na Custódia, como em uma prisão de amor. Entre tantos outros que Vos ofenderam menos do que eu, quisestes escolher-me para Vos fazer companhia sobre a terra, a fim de que depois Vos vá amar e gozar sem véu no paraíso. Além disso me convidais a alimentar-me muitas vezes na santa comunhão com a vossa santa carne, afim de me unir todo a Vós e me fazer todo vosso. Meu amado Redentor, que Vos poderei dizer? Agradeço-Vos e espero ir um dia agradecer-Vos no céu por toda a eternidade: Miserircordias Domini in aeternum cantabo (1) — “Eu cantarei eternamente as misericórdias do Senhor” . Sim, meu Jesus, assim espero pelos vossos merecimentos.

Declaro que estou mais contente por ter deixado por vosso amor o mundo e o pouco de que no mundo podia gozar, do que por ser rei de toda a terra. Arrependo-me de Vos ter dado até agora em vossa casa tantos desgostos pelos quais merecia ser expulso. Perdoai-me, ó meu Jesus; com o vosso auxílio d´oravante não será mais assim. Não me quero mais afastar de vossos pés, quero visitar-Vos muitas vezes. A vossa presença me dará forças para desprender-me de todo o afeto que não seja para Vós; perto de Vós lembrar-me-ei sempre da obrigação que tenho de Vos amar e de recorrer a Vós em todas as minhas necessidades. Desejo permanecer sempre a vossos pés e receber-Vos freqüentemente na comunhão, a fim de Vos amar sempre mais e unir-me convosco, meu amado Salvador.

Amo-vos, ó meu Deus, oculto no Santíssimo Sacramento. Por amor meu é que ficais continuamente neste altar; por vosso amor, quero ficar o mais que puder na vossa presença. Aqui encerrado me amais sem cessar e eu também Vos quero amar sem cessar; assim, meu Jesus e meu tudo, estaremos sempre juntos aqui durante a minha vida e depois durante a eternidade no paraíso.

— Ó Maria, minha Mãe, rogai a Jesus por mim e consegui-me um grande amor ao Santíssimo Sacramento.

Referências:

(1) Sl 88, 2

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 217-220)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.