Sábado da Quarta Semana depois de Pentecostes

Do grande amor que nos tem Maria Santíssima

Ego diligentes me diligo; et qui mane vigilant ad me, invenient me – “Eu amo os que me amam, e os que vigiam desde a manhã por me buscarem, me acharão” (Pv 8, 17)

Sumário. Se uma mãe não pode deixar de amar seus filhos, quanto mais não nos amará a Santíssima Virgem, que no Calvário, juntamente com Jesus Cristo, nos gerou para a vida da graça, entre as mais acerbas dores? Ah! Se fosse reunido em um só o amor que todas as mães têm a seus filhos, não igualaria o amor que Maria tem a uma só alma. É justo portanto que ao amor da divina Mãe corresponda o nosso. Sim, minha santa Mãe, depois de Deus, amo-vos de todo o coração mais que a mim mesmo, e pronto estou a fazer tudo por vosso amor.

I. Afim de compreendermos de algum modo o muito que nos ama nossa boa Mãe, Maria, consideremos as principais razões deste amor. — A primeira razão é o grande amor que ela tem a Deus. O amor para com Deus e para com o próximo, como diz São João, se contém no mesmo preceito, de sorte que, quanto cresce um, tanto o outro se aumenta. Hoc mandatum habemus a Deo: ut qui diligit Deum, diligat et fratrem suum (1) — “Nós temos de Deus este mandamento, que o que ama a Deus, ame também a seu irmão” . Pelo que, assim como entre todos os espíritos bem-aventurados não há quem ame a Deus mais do que Maria, assim tampouco temos, nem podemos ter, quem, depois de Deus, nos ame mais do que esta nossa Mãe amorosíssima.

Além disso, Maria nos ama, porque, afim de nos gerar à vida da graça, sofreu a pena de ela mesma oferecer à morte o seu querido Jesus, consentindo em o ver morrer diante dos seus olhos, à força de tormentos. Como frutos, portanto, da oferta dolorosa da Virgem, somos-lhe excessivamente caros, porque lhe custamos tantas angústias e dores. — E mais ainda, porque o próprio Jesus Cristo, antes de expirar, nos entregou a ela por filhos, na pessoa de São João, dizendo-lhe como último adeus: Mulher, eis aí teu filho (2).

Disto nasce uma terceira e mais poderosa razão pela qual somos tão amados de Maria: vem a ser que todos nós somos o preço da morte de Jesus Cristo. Se uma mãe visse um servo remido por um seu filho à custa de trinta anos de prisão e de trabalhos, quanto estimaria o servo por esta só consideração! Quanto mais deverá então a divina Mãe estimar nossas almas, vendo que o Verbo Eterno não desceu do céu à terra e se fez seu Filho, senão para as salvar à custa de todo o seu sangue! Eu vim salvar o que estava perdido (3) — “Salvum facere quod perierat”.

II. Numquid oblivisci potest mulier infantem suum (4) — “Acaso pode uma mulher esquecer-se de seu filhinho” . Se uma mãe, assim nos diz a Virgem, não pode deixar de amar o fruto de suas entranhas, quanto menos poderei eu esquecer-me de vós, meus filhos diletíssimos, eu, que tantas razões especiais tenho de vos amar? Ah! se o amor que todas as mães têm aos seus filhos, todos os esposos a suas esposas, e todos os anjos e santos a seus devotos, se unisse em um só amor, não chegaria a igualar o amor que Maria tem a uma só alma. É pois de justiça que ao amor de Maria respondamos com o nosso.

Sim, minha Mãe amabilíssima, é mais que justo que eu vos ame! Não quero descansar, enquanto não estiver certo de ter alcançado o amor, mas um amor constante e terno para convosco, ó minha Mãe, que com tanta ternura me tendes amado, ainda quando eu vos era tão ingrato. Que seria agora de mim, se não me tivésseis amado e alcançado tantas misericórdias?

Eu vos amo, minha Mãe, e quisera ter um coração capaz de vos amar por todos aqueles infelizes que não vos amam. Quisera ter uma língua que pudesse louvar-vos por mil, afim de fazer conhecer a todos a vossa grandeza, a vossa santidade, a vossa misericórdia e o amor com que amais aqueles que vos amam. Se eu tivesse riquezas, todas as dispenderia em honra vossa. Se tivesse súditos, quereria fazê-los todos amantes vossos. Quereria finalmente, por vosso amor e para glória vossa, dispender até a vida, se necessário fosse.

Em suma, minha Mãe, desejo primeiro aqui na terra, e em seguida no céu, ser, depois de Deus, quem mais vos ame. Se este desejo é por demais audaz, é porque vossa amabilidade e o amor especial que me haveis demonstrado, m’o inspiram. Aceitai-o, pois, ó Senhora, e em prova de que o aceitastes, obtende-me de Deus o amor que vos peço, visto que tanto agrada a Deus que se vos tem.

Referências:

(1) 1 Jo 4, 21 (2) Jo 19, 26 (3) Lc 19, 10 (4) Is 49, 15

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 193-195)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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