Sábado da Quinta Semana da Quaresma

Jesus é apresentado aos pontífices e por eles condenado à morte

At illi, tenentes Iesum, duxerunt ad Caiphan principem sacerdotum – “Eles, prendendo a Jesus, O levaram a Caifás, príncipe dos sacerdotes” (Mt 26, 57)

Sumário. Imaginemos ver a Jesus Cristo perante o tribunal de Caifás. Ali é esbofeteado, tratado de blasfemador, declarado réu de morte, e como tal, maltratado de mil modos. Jesus, porém, no meio de tantos opróbrios, nada perde de sua serenidade e doçura, e parece que com o seu silêncio nos diz: Se quiserdes desagravar-me das injúrias que me fazem, suportai por meu amor os desprezos, assim como eu os suporto por vosso amor.

I. Eis que o Redentor é levado como em triunfo à presença de Caifás, que já O estava esperando, e vendo-O diante de si, só e desamparado de seus discípulos, ficou cheio de contentamento. Minha alma, contempla o teu Senhor, que ali está todo humilde e manso. Contempla o seu belo rosto, que, no meio de tantas injúrias e desprezos, não perdeu a sua serenidade e doçura. O ímpio pontífice interroga Jesus sobre seus discípulos e sobre sua doutrina para achar algum pretexto de condenação. Jesus responde-lhe com humildade: “Eu não falei em segredo, mas em público; todos estes que aqui estão podem dar testemunho do que eu falei”. Senão, quando depois de uma resposta tão justa e tão branda, um algoz mais insolente avança do meio da chusma e, tratando Jesus de atrevido, lhe dá uma forte bofetada dizendo: “ É assim que respondes ao sumo sacerdote? ” Ó Deus, como pôde uma resposta tão humilde e tão modesta merecer tão grave insulto?

Entretanto, o Conselho procurava testemunhas para o condenar à morte; mas não encontravam; pelo que o pontífice vai novamente buscar matéria de condenação nas palavras de nosso Salvador mesmo, e lhe diz: Adiuro te per Deum vivum, ut dicas nobis, si tu es Christus Filius Dei (1) — “Eu te conjuro, pelo Deus vivo, que nos digas, se tu és o Cristo, o Filho de Deus” . O Senhor, ouvindo que O conjuravam em nome de Deus, confessa a verdade e responde: “Sim, eu o sou: e um dia me verás, não tão desprezível como estou agora diante de ti, mas assentado num trono de majestade como juiz de todos os homens, acima das nuvens do céu”. Ouvindo estas palavras, o pontífice, em vez de prostrar-se com o rosto em terra para adorar a seu Deus, rasga seus vestidos e diz: “Para que mais precisamos de testemunhas? Acabais de ouvir a blasfêmia. Quid vobis videtur? (2) — “Que vos parece?” E todos os outros sacerdotes responderam que sem dúvida alguma Ele era réu de morte. — Ah, meu Jesus, o mesmo disse também vosso Eterno Pai, quando Vos oferecestes a expiar os nossos pecados. Meu Filho, disse, já que queres satisfazer pelos homens, és réu de morte, e por isso é necessário que morras.

II. Tunc expuerunt in faciem eius, et colaphis eum ceciderunt (3) — “Então cuspiram-Lhe no rosto e deram-Lhe bofetadas” . Sendo Jesus Cristo declarado réu de morte, puseram-se todos a maltratá-Lo como a um malfeitor. Um cospe-Lhe no rosto, outro dá-Lhe empuxões, mais outro Lhe dá bofetadas. Vendando-Lhe os olhos com um pano, escarnecem d’Ele, chamando-O falso profeta, e dizendo: “ Já que és profeta, profetiza agora quem Te bateu ”. Escreve São Jerônimo que foram tantos os insultos e injúrias que naquela noite foram feitos ao Senhor, que só no dia do juízo final serão conhecidos todos.

O sofrimento de Jesus foi ainda aumentado pelo pecado de Pedro, que O renega e jura que nunca O conheceu.

Vai, minha alma, vai ter naquela prisão com o teu Senhor aflito, escarnecido e abandonado; agradece-Lhe e consola-O com o teu arrependimento, visto que tu também algum tempo O desprezaste e renegaste. Dize-Lhe que quiseras morrer de dor, lembrando-te que no passado Lhe amarguraste tanto o doce Coração, que tanto te amou. Dize-Lhe que agora O amas e não queres senão padecer e morrer por seu amor.

Ah! Meu Jesus, esquecei os desgostos que Vos dei, e lançai sobre mim um olhar de amor, assim como lançastes sobre Pedro, depois que Vos renegou. Ó grande Filho de Deus, ó amor infinito, que padeceis por aqueles mesmos homens que Vos odeiam e maltratam! Vós sois a glória do paraíso: honra demasiada tereis feito aos homens, se os houvéreis admitido somente a beijar-Vos os pés. Mas, ó Deus, quem Vos reduziu a esse extremo de ignomínia, de servirdes de ludibrio à gente mais vil do mundo? Dizei-me, meu Jesus, que posso fazer para Vos desagravar da desonra que vossos algozes vos infligem com os seus insultos? Ouço-Vos responder-me: Suporta por meu amor os desprezos, assim como eu os suportei por teu amor. Sim, Redentor meu, quero obedecer-Vos. Ó Jesus, desprezado por minha causa, aceito e desejo ser desprezado por vossa causa, quanto Vos agradar. Dai-me, porém, a graça para Vos ser fiel. Fazei-o pelas dores da vossa e minha querida Mãe Maria.

Referências:

(1) Mt 26, 63 (2) Mt 26, 65 (3) Mt 26, 67

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 390-392)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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