Sábado da Quinta Semana que sobrou depois da Epifania

Maria Santíssima livra os seus devotos do inferno

Qui audit me, non confundetur: et qui operantur in me, non peccabunt – “Aquele que me ouve, não será confundido, e os que obram por mim, não pecarão” (Eclo 24, 30)

Sumário. Pela bondade divina achamo-nos no campo da Igreja Católica, e talvez até numa comunidade fervorosa, onde o Senhor semeou e ainda semeia o trigo das graças celestiais. Demos graças ao Senhor e aproveitemo-nos da sua misericórdia. Mas ao mesmo tempo examinemo-nos para ver se não somos porventura para o nosso próximo joio pernicioso ou, pior ainda, semeadores de joio. Jesus Cristo disse que no dia da colheita, isto é, do Juízo, o joio será jogado no fogo do inferno.

I. A asserção de que é impossível um devoto de Maria Santíssima condenar-se, não se estende àqueles devotos que abusam da sua devoção afim de pecar com menos temor; porque esses presumidos, pela sua confiança temerária, merecem castigo e não misericórdia. Estende-se tão somente àqueles devotos que, com o desejo de se emendarem , são fiéis em obsequiar à divina Mãe e em recomendar-se a ela . Estes digo eu que é moralmente impossível perderem-se, porquanto a benigníssima Senhora alcançar-lhes-á luz e força para saírem do estado de perdição.

Esta sentença é conforme à doutrina dos Padres e Doutores da Igreja. Santo Anselmo diz que “assim como quem não é devoto de Maria nem dela é protegido, é impossível que se salve ; assim também é impossível que se condene quem se encomenda à Virgem e dela é visto com complacência”. Confirma isto Santo Antonino quase com as mesmas palavras. E Santo Hilário acrescenta que isto sucederá ainda àqueles que no tempo passado ofenderam muito a Deus. Pelo que Santo Efrém dá a Nossa Senhora o belo título de Protetora dos condenados: “ Patrocinatrix damnatorum ”; e chama a devoção à Virgem salvo-conduto para não ser desterrado para o inferno: “ Charta libertatis ”.

E na verdade, se é certo o que diz São Bernardo , que a Maria não pode faltar nem poder nem vontade de nos salvar, como poderá suceder que um seu devoto fiel se perca? Que mãe, podendo facilmente livrar seu filho da morte com um só pedido de graça ao juiz, deixaria de o fazer? E poderemos pensar que Maria, a Mãe mais amorosa que possa haver , podendo livrar um filho da morte eterna, e podendo-o fazer tão facilmente, não o queira fazer? Ah! Isso é impossível!

Eis porque tanto desagrada ao demônio ver uma alma que persevera na devoção à divina Mãe, e porque ele se esforça tanto para faze-la perder esta devoção. O espírito maligno sabe que nunca sucedeu e nunca jamais sucederá que um servidor humilde e obsequioso de Maria se perca eternamente.

II. Examina a tua devoção a Maria, e toma uma resolução firme de a aumentar continuamente, dá graças ao Senhor por te haver dado esse afeto e confiança para com a divina Mãe, porque Deus não faz esta graça senão àqueles aos quais quer salvar. Dá graças também à Santíssima Virgem pela proteção que te dispensou até agora, livrando-te tantas vezes de cair no inferno; pede-lhe perdão de tua pouca correspondência ao seu amor, e pede-lhe que para o futuro continue sempre a proteger-te.

Ó Mãe de Deus, Maria Santíssima , quantas vezes tenho, pelos meus pecados, merecido o inferno! Talvez se houvesse executado a sentença desde o primeiro pecado meu, se, na vossa misericórdia para comigo, não tivésseis suspendido a ação da divina justiça; triunfando depois da dureza do meu coração , me reduzistes a por em vós a minha confiança. Ai! Em quantas outras faltas não teria caído depois, no meio dos perigos que me cercavam , se vós, ó Mãe Santíssima, não me tivésseis preservado pelas graças que me alcançastes. Ó minha Rainha, de que me servirão vossa misericórdia e os favores com que me tendes prevenido , se vier a condenar-me? Se houve um tempo em que não vos amava, de presente amo-vos, depois de Deus, acima de todas as coisas.

Não permitais, eu vos conjuro, que me separe de vós e de Deus, que por intermédio vosso me cumulou de tantas misericórdias. Amabilíssima Soberana minha , não consintais que eu vá odiar-vos e maldizer-vos eternamente no inferno. Podereis sofrer que se condene um dos vossos servos que vos ama? Ó Maria, que me respondeis? Condenar-me-ei? Serei condenado se vos abandono; mas quem teria coragem para vos abandonar? Como poderia esquecer o amor que me tendes consagrado? Não, não se perderá aquele que fielmente se recomenda a vós e a vós recorre. Ó minha Mãe, não me abandoneis a mim mesmo; de contrário perder-me-ei. Fazei que sempre recorra a vós . Salvai-me, esperança minha, preservai-me do inferno e primeiro que tudo do pecado, que só me pode precipitar no inferno.

– Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!

Referências:

(1) Mt 13, 43 (2) Or. Dom. Curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 280-282)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.