Segunda-feira após a Pascoa

A ressurreição dos corpos no Juízo universal

Haec dies quam fecit Dominus: exultemus et laetemur in ea – “Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 117, 24)

Sumário. É um ponto da nossa fé que todos nós ressurgiremos; porém não todos de maneira igual, mas cada um segundo a vida que tiver levado em terra. Felizes de nós, se agora nos aplicarmos à mortificação do nosso corpo, a fim de guardá-lo submisso ao espírito. Retomá-lo-emos ressurgido segundo a medida da idade plena de Cristo e dotado de dons perfeitíssimos. Excederá o sol em claridade, na agilidade os ventos, e em sutileza e impassibilidade será igual aos anjos.

I. Porque o último fim do homem é a beatitude e esta não se pode gozar na vida presente, o Senhor dispôs que se possa obter na outra, onde será eterna. O homem porém, no dizer de Santo Tomás, não seria plenamente feliz, se a alma não se unisse ao corpo, porquanto, sendo o corpo parte natural da natureza humana, a alma dele separada seria apenas uma parte do homem e não o homem inteiro. Por isso é que no derradeiro dia haverá a ressurreição universal: Canet tuba, et mortui resurgent — “A trombeta soará, e os mortos ressuscitarão” .

Ao som da trombeta as almas formosas dos bem-aventurados descerão do céu, para se unirem a seus corpos, com os quais serviram a Deus. Ressuscitarão, como diz São Paulo, em estado de homem perfeito, segundo a medida da idade plena de Cristo (1). Além de serem dotados de sentidos perfeitíssimos, os quais terão cada qual a sua recompensa particular, serão ornados de quatro qualidades ou dotes.

Em primeiro lugar, os corpos dos bem-aventurados serão impassíveis; por isso não somente estarão livres da morte e da corrupção, mas também de qualquer lesão, de sorte que, se fossem enviados ao inferno, nenhuma pena poderiam padecer. — Em segundo lugar serão sutis, isto é, como que espiritualizados, de forma que a alma governará o corpo à maneira de espírito, porque este lhe obedecerá perfeitamente. — Em terceiro lugar os corpos dos bem-aventurados serão ágeis, podendo ser movidos e levados pela alma para qualquer parte, sem obstáculo, com máxima e quase imperceptível ligeireza. — O quarto dote finalmente será a claridade, em virtude da qual o corpo glorificado despedirá de si uma luz admirável, muito mais brilhante do que a do sol, mas sem deslumbrar a vista. — Se, além disso, alguém tiver dado a vida por Jesus Cristo, ou conservado intacta a açucena da pureza, ou pela pregação tiver sido para outros mestres da salvação, receberá a auréola de Mártir, de Virgem ou de Doutor. — Feliz daquele que, mortificando-se na vida presente, for digno de receber um dia em seu corpo todos esses dons, que agora nem sabemos avaliar devidamente!

II. Ecce mysterium vobis dico: omnes quidem resurgemus, sed non omnes immutabimur (2) — “Eis que vos digo um mistério: todos nós ressuscitaremos, mas nem todos seremos mudados” . Palavras terríveis, mas verdadeiras! Porquanto, como Jesus Cristo mesmo disse, posto que todos os que estiverem nos sepulcros tenham de ressuscitar ao ouvir a voz do Filho de Deus, todavia haverá entre eles grande diferença. Os que obraram o bem, sairão para a ressurreição da vida; mas os que obraram o mal, sairão ressuscitados para a condenação (3).

Minha alma, é certo que naquele dia tu também ressuscitarás; mas qual será a tua sorte?… achar-te-ás no número dos escolhidos ou dos réprobos?… Se queres estar entre os primeiros, é mister, como diz o Apóstolo, que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós andemos em novidade de vida (4). Esta ressurreição espiritual se deve manifestar na reforma de nossa conduta. — Por isso o espírito deve ocupar-se só com o pensamento da eternidade; os olhos só se devem abrir para as coisas celestiais; as mãos só devem servir para praticar o bem, e os nossos afetos devem seguir alegremente o caminho dos mandamentos divinos. Numa palavra, como diz o mesmo Apóstolo: Si consurrexistis cum Christo, quae sursum sunt, quaerite… quae sursum sunt sapite, non quae super terram (5) — “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são lá do alto… tende gosto pelas coisas que são lá do alto, não pelas que estão na terra” .

Meu amabilíssimo Jesus, creio na ressurreição da carne no último dia, porque Vós revelastes; e porque a creio, bem como as demais verdades que a Igreja me propõe para crer, quisera dar por ela o meu sangue e a minha vida. Ah, Senhor, pela vossa santa ressurreição, dai-me a graça de mortificar aqui na terra o meu corpo; fazei que viva casto e longe de todos os prazeres proibidos, a fim de ter um dia parte na ressurreição gloriosa dos escolhidos. Amo-Vos, Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas, de todo o coração. Pesa-me de Vos haver ofendido. Não permitais que Vos torne a ofender; fazei que Vos ame sempre, e depois, disponde de mim segundo o vosso agrado. † Doce Coração de Maria, sede minha salvação.

Referências:

(1) Ef 4, 13 (2) 1Cor 15, 51 (3) Jo 5, 29 (4) Rm 6, 4 (5) Cl 3, 1

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 3-6)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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