Segunda-feira da Décima Sexta Semana depois de Pentecostes

Do amor que Deus nos mostrou

Nos ergo diligamus Deum, quoniam Deus prior dilexit nos – “Amemos portanto a Deus, porque Deus nos amou primeiro” (1 Jo 4, 19)

Sumário. São inúmeras as provas de amor que o Senhor nos deu. Amou-nos desde a eternidade, tirou-nos do nada com preferência a tantos outros, e, o que mais é, fez-nos nascer num país católico e no seio da Igreja verdadeira. Quantos milhões de homens vivem privados dos sacramentos, da pregação, dos bons exemplos e de tantos outros meios de salvação! A nós Deus quis dar todos estes meios de perfeição, sem mérito algum da nossa parte; prevendo mesmo todos os nossos deméritos. Porque então correspondemos tão mal ao amor de Deus? Porque não o amamos de todo o coração?

I. Considera primeiro que Deus merece teu amor, porque te amou antes de ser amado por ti e de todos os seres: In caritate perpetua dilexi te (1) – “Com amor eterno te amei” . Os primeiros que te amaram na terra, foram teus pais; mas só te amaram depois de te terem conhecido. Deus já te amava, antes de existires. Ainda não existiam no mundo nem teu pai, nem tua mãe e já Deus te amava. Não era ainda criado o mundo, e já Deus te amava.

E quanto tempo antes da criação já te amava Deus? Talvez mil anos, mil séculos antes? Escusado é contar anos e séculos: In caritate perpetua dilexi te; ideo attraxi te, miserans tui – “Com amor eterno te amei; por isso, compadecido de ti, te atraí a mim” . Numa palavra, Deus te amou desde que é Deus e desde que se amou a si mesmo, amou-te também. Foi, portanto, com muita razão que a santa virgenzinha Inês respondeu às criaturas que a requestavam: Ab alio amatore praeventa sum – “Outro amante vos precedeu” .

Assim, meu irmão, teu Deus te amou desde a eternidade; e é só por amor de ti que tirou do nada tantas outras criaturas formosas, afim de que te servissem e te recordassem sem cessar o amor que te tem, e o que Lhe deves. O céu e a terra, exclamava Santo Agostinho, tudo me prega, ó meu Deus, quanto sou obrigado a amar-Vos. Quando o Santo olhava o sol, a lua, as estrelas, as montanhas, os rios, parecia-lhe que todas estas criaturas lhe diziam: Agostinho, ama a teu Deus, criou-nos para ti, para ganhar o teu amor.

O abade de Rancé, fundador da Trappa, à vista das colinas, das fontes, das flores, dizia que todas estas criaturas lhe recordavam o amor que Deus lhe tinha. Santa Teresa dizia igualmente que as criaturas lhe repreendiam a sua ingratidão para com Deus. Quando Santa Maria Magdalena de Pazzi tinha na mão uma bela flor ou qualquer fruto, sentia o coração ferido por uma seta do amor divino, dizendo consigo:

“O meu Deus pensou desde a eternidade em criar esta flor, este fruto, afim de que eu o amasse!”

II. Considera o amor particular de Deus para contigo, fazendo-te nascer num país cristão e no seio da verdadeira Igreja. Quantos não há que nascem no meio de idólatras, de judeus, de maometanos, os quais se perdem todos! Mas Deus te pôs no número dos que nascem em lugares onde reina a verdadeira fé.

Ó dom inapreciável o da fé! Quantos milhões de pessoas se veem privadas dos sacramentos, das instruções, dos bons exemplos e de todos os outros meios de salvação que nos oferece a nossa verdadeira Igreja! E Deus quis prodigalizar-te todas estas grandes vantagens sem nenhum merecimento de tua parte, ou, para melhor dizer, prevendo os teus desmerecimentos; porque, quando pensava em criar-te e fazer-te estas graças, já previa as injúrias que lhe havias de fazer.

Ó soberano Senhor do céu e da terra, como é que, tendo amado tanto os homens, sois tão desprezado por eles? Entre esses homens, ó meu Deus, amastes-me com amor particular, favorecendo-me com graças especiais, que recusastes a muitos outros, e eu Vos desprezei mais que os outros. Prostro-me a vossos pés, ó Jesus, meu Salvador: Ne proicias me a facie tua (2) – “Não me repilais de vossa presença” . Mereceria ser repelido por Vós por causa de minhas ingratidões; mas dissestes que não sabeis repelir um coração arrependido que volta para Vós: Eum quivenit ad me, non eiciam foras (3) – “Não rejeitarei àquele que vem a mim” .

† Meu Jesus, misericórdia! Outrora não Vos conhecia; mas agora reconheço-Vos por meu Salvador, que morreu para me salvar e ser amado por mim. Agora Vos conheço, Vos adoro e Vos amo por todos aqueles infelizes que Vos ofendem, e nada desejo senão crescer sempre em vosso amor. – Meu Senhor, dai-me o vosso amor; mas um amor ardente, que me faça esquecer todas as criaturas; um amor forte, que me faça vencer todas as dificuldades para Vos agradar; um amor constante, que nunca mais se resfrie entre mim e Vós. Tudo espero dos vossos merecimentos, ó meu Jesus; e tudo espero também da vossa intercessão, ó minha Mãe Maria.

Referências:

(1) Jr 31, 3 (2) Sl 50, 13 (3) Jo 6, 37

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 78-81)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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