Segunda-feira da Segunda Semana depois da Páscoa

Da caridade fraterna

Diliges proximum tuum tamquam teipsum – “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12 ,31)

Sumário. Ninguém pode amar a Deus sem que tenha amor ao próximo, porquanto o amor de Deus e o do próximo nascem da mesma caridade, e o mesmo preceito que nos obriga ao primeiro, obriga-nos também ao segundo. Examinemos em que estima tivemos até agora um preceito tão importante, e, se porventura tivermos de reconhecer faltas, façamos firme propósito de ser para o futuro mais exatos, lembrando-nos que da observância da caridade depende o sermos cristãos, não só de nome, mas de fato. .

I. Não se pode amar a Deus sem amar ao mesmo tempo ao próximo. O mesmo preceito que nos manda o amor para com Deus, manda-nos igualmente o amor para com os nossos irmãos: Et hoc mandatum habemus a Deo, ut, qui diligit Deum, diligat et fratrem suum (1) — “Nós temos de Deus este mandamento, que o que ama a Deus, ame também a seus irmão” . D’onde infere Santo Tomás de Aquino, que da mesma caridade nasce o amor para com Deus e o para com o próximo, porque a caridade nos faz amar tanto a Deus como ao próximo, visto que assim o quer o próprio Deus. — Deste modo compreende-se o que São Jerônimo refere de São João Evangelista. Perguntando-lhe os seus discípulos, porque tão repetidas vezes lhes recomendava o amor fraternal, respondeu o Santo: “Porque é o preceito do Senhor; sendo bem observado, basta para a salvação.”

Certo dia Santa Catarina de Sena disse ao Senhor: “ Meu Deus, quereis que eu ame ao meu próximo; mas eu não posso amar senão a Vós. ” Respondeu-lhe o nosso Salvador: “ Minha filha, aquele que me ama, ama todas as coisas que eu amo. ” — Com efeito, quem ama alguma pessoa, ama também os parentes, os servos, as imagens e até as vestes da pessoa amada, pela razão que esta ama tais coisas. E porque é que nós devemos amar ao próximo? Porque aqueles a quem amamos são objeto da benevolência de Deus.

Por isso escreve São João que é mentiroso o que diz que ama a Deus e odeia a seu irmão (2). Ao contrário, diz Jesus Cristo que aceitará como feita a si próprio a caridade de que usarmos para com o mais pequenino de seus irmãos, que tais são os nossos próximos (3). — Examina-te aqui, se tens até agora tido na devida estima o preceito tão importante da caridade, e toma a resolução de seres mais exato para o futuro. Lembra-te que da observância deste preceito depende o seres cristão não só de nome, mas também de fato: In hoc cognoscent omnes, quia discipuli mei estis: si dilectionem habueritis ad invicem (4) — “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.

II. Induite vos ergo, sicut electi Dei, viscera misericordiae (5) — “Vós, como escolhidos de Deus, revesti-vos de entranhas de misericórdia” . Eis aí o que, segundo São Paulo, deve fazer o cristão para conservar a caridade para com o próximo. Ele diz: induite: revesti-vos, de caridade. Assim como o homem leva para toda parte o seu vestido, que o cobre inteiramente, assim deve levar consigo a caridade em todas as suas ações e cobrir-se todo inteiro com ela. Diz ainda: induite viscera misericordiae — “revesti-vos de entranhas de misericórdia” . O cristão deve revestir-se, não somente de caridade, mas de entranhas de caridade, o que quer dizer que deve ter para com os seus irmãos tão grande ternura de afeto, como se cada um fosse o seu predileto particular.

Quem ama vivamente uma pessoa, pensa sempre bem dela, alegra-se pela sua prosperidade e entristece-se pelos seus males, como se fossem os próprios. Quando a pessoa amada comete uma falta, que empenho em defendê-la, ao menos em diminuir-lhe a culpa! Quando, ao contrário, faz algum bem, o amigo se desfaz em louvores e enaltece-a até às estrelas. Eis o que faz a paixão. Ora, o que a paixão faz nas pessoas mundanas, deve fazê-lo em nós a santa caridade, e não só para com aqueles que nos fazem bem, mas ainda para com aqueles que nos tenham ofendido.

Ah, meu Redentor, quão longe estou de me parecer convosco! Vós não fostes senão caridade para com os vossos perseguidores, e eu rancoroso e odiento para com o meu próximo! Vós rogastes com tanto amor pelos que Vos crucificaram, e eu só penso em tomar vingança de quem me desagradou! Perdoai-me, ó meu Jesus, não quero mais ser o que fui. Proponho firmemente imitar-Vos de hoje em diante, custe o que custar; proponho amar a quem me ofende e fazer-lhe bem. Dai-me a graça de Vos ser fiel.

— Ó Maria, Mãe de Deus, rogai a Jesus por mim; dai-me uma parte de vosso amor para com o próximo; a vossa proteção é a minha esperança.

Referências:

(1) 1 Jo 4, 21 (2) 1 Jo 4, 20 (3) Mt 25, 40 (4) Jo 13, 35 (5) Cl 3, 12

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 21-24)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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