Segunda-feira da Vigésima Segunda Semana depois de Pentecostes

O pecador desonra a Deus

Per praevaricationem legis Deum inhonoras – “Pela transgressão da lei desonras a Deus” (Rm 2, 23)

Sumário. O pecador desonra a Deus, porque, por um vil interesse, por uma indigna satisfação, renuncia à amizade divina. Se ao menos não O desonrasse na sua presença. Mas não, desonra-O ante seus próprios olhos, pois que Deus está em todos os lugares; e, mais ainda, para desonrá-Lo serve-se do mesmo corpo que Deus lhe deu para o glorificar. Que negra ingratidão! Quão amargurado não deve sentir-se o Coração amabilíssimo de Jesus!

I. O pecador não só injuria a Deus, mas também o desonra: Pela transgressão da lei desonras a Deus . Sim, porque renuncia à graça divina e por uma indigna satisfação calca aos pés a amizade de Deus. Se um homem perdesse a amizade divina para ganhar um trono, ou mesmo o mundo inteiro, com certeza faria um grande mal; porque a amizade de Deus vale mais que o mundo, mais que mil mundos. E porque será que o pecador ofende a Deus? Por um punhado de terra, por um ímpeto de cólera, por um prazer brutal, por uma quimera, por um capricho: Violabant me propter pugillum hordei et fragmen panis (1) — “Eles me desprezaram por um punhado de cevada e por um pedaço de pão”.

Quando o pecador se põe a deliberar se consentirá ou não consentirá no pecado, toma, por assim dizer, nas mãos a balança e vê o que pesa mais: se a graça de Deus, ou essa paixão, essa quimera, esse prazer. Quando por fim consente, declara que, quanto a si, essa paixão, esse prazer, valem muito mais do que a amizade divina. É deste modo que Deus é desonrado pelo pecador! — Deus queixa-se disso pela boca do Profeta, dizendo: A quem me assemelhastes vós, e igualastes? (2) Sou Eu porventura tão vil a vossos olhos, que mereça ser posposto a uma indigna satisfação?

Mais. Dizem São Cipriano e Santo Tomás que, quando o pecador, para satisfazer qualquer paixão, ofende a Deus, converte em divindade essa paixão, porque dela faz seu último fim. De forma que, segundo a palavra de São Jerônimo, uma paixão no coração é como que um ídolo no altar. — Quando Jeroboão se revoltou contra Deus, quis atrair consigo o povo à idolatria, e por isso apresentou-lhes ídolos, dizendo: Ecce dii tui, Israel (3) — “Eis aqui os teus deuses” . De igual modo pratica o demônio: apresenta ao pecador qualquer satisfação desordenada e diz: Que tens tu que ver com Deus? Ei-lo aqui, o teu deus; é este prazer, esta paixão; toma-os e deixa a Deus. E o pecador, dando o consentimento, assim o faz: no coração adora a satisfação em vez de Deus: Vitium in corde est idolum in altare .

II. Se ao menos o pecador, desonrando a Deus, não o desonrasse na sua presença; se, injuriando-O, não abusasse dos próprios benefícios divinos! Mas não, o atrevido injuria-O e desonra-O ante seus próprios olhos, pois que Deus está em todo o lugar; injuria-O e desonra-O servindo-se das mesmas criaturas, do mesmo corpo que Deus lhe deu para O glorificar.

É isto o que mais amargura o Coração de Jesus e O faz prorromper em sentidas queixas: Filios enutrivi et exaltavi; ipsi autem spreverunt me (4) — Criei uns filhos, diz o Senhor, nutri-os e engrandeci-os, mas com a mais negra ingratidão eles me desprezaram e continuam a desprezar-me ante meus próprios olhos: Ad iracundiam provocant me ante faciem meam (5) — “Estão provocando a minha ira diante de minha face”.

Ó meu Deus, Vós sois um bem infinito, e mais de uma vez Vos troquei por um miserável prazer, que logo desapareceu, apenas saboreado! Apesar de serdes assim desprezado, Vós me ofereceis o perdão, se o quiser e prometeis receber-me na vossa graça, se me arrepender de Vos haver ofendido. Ah sim, meu Senhor, arrependo-me de todo o coração de Vos haver ultrajado; soberanamente detesto o meu pecado. Eis que já volto a Vós; Vós me acolheis e abraçais como a um filho. Agradeço-Vos, bondade infinita. Mas socorrei-me agora: não consintais que Vos expulse ainda de meu coração.

O inferno não deixará de me tentar, mas Vós sois mais poderoso que o inferno. Sei que nunca mais me separarei de Vós, se eu sempre me recomendar a Vós. Eis, pois, a graça que me haveis de fazer, a de sempre me recomendar a Vós e de Vos suplicar como o faço agora. Assisti-me, Senhor, dai-me luz, dai-me força, dai-me a perseverança, dai-me o vosso paraíso; mas concedei-me sobretudo o vosso amor, que é o verdadeiro paraíso das almas. Amo-Vos, bondade infinita, e quero sempre amar-Vos. Ó Pai Eterno, atendei-me pelo amor de Jesus Cristo. — Ó Maria, vós sois o refúgio dos pecadores, socorrei um pobre pecador que quer amar o vosso Deus.

Referências:

(1) Ez 13, 19 (2) Is 40, 25 (3) 3 Rs 12, 28 (4) Is 1, 2 (5) Is 62, 3

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 191-193)

Nos ajude a alcançar mais fiéis compartilhando nas suas redes:
Facebook
Twitter
LinkedIn

Clique no botão abaixo para receber a meditação do dia direto no seu celular!

plugins premium WordPress

1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

Todos os dias nós te enviaremos a meditação correspondente para te ajudar a aprimorar sua rotina de oração!