Sexta-feira da Décima Nona Semana depois de Pentecostes

Primeira palavra de Jesus Cristo na cruz

Pater, dimitte illis: non enim sciunt quid faciunt – “Pai, perdoai-lhes; pois não sabem o que fazem” (Sl 118, 131)

Sumário. Ó ternura do amor de Jesus! Os judeus, depois de O pregarem na cruz, injuriam-No e prorrompem em blasfêmias. Ao mesmo tempo, Jesus, movido pelo desejo de salvar a todos, volve-se ao Pai Eterno, roga-Lhe pelos que O crucificaram e procura desculpar o crime. Meu irmão, se pelos nossos pecados temos renovado a crucifixão do Senhor, não desanimemos; porque Jesus nos abrangeu também em sua oração. É, porém, necessário que Lhe imitemos o exemplo, perdoando a nossos inimigos e dando o bem pelo mal.

I. Ó ternura do amor de Jesus Cristo para com os homens! Os judeus, depois de O pregarem na cruz, injuriam-No, insultam-No e prorrompem em blasfêmias; e Jesus, entretanto, que faz? Jesus, diz Santo Agostinho, não cuida tanto nos ultrajes que recebe da parte daquele povo, como no amor que O faz morrer para o salvar; e por isso, ao mesmo tempo que é injuriado pelos seus inimigos, volve-se ao Eterno Pai, pede perdão para eles e procura desculpar o crime nefando pela ignorância: Pai, perdoai-lhes; porque não sabem o quer fazem.

Ó maravilha! ” exclama São Bernardo; “ Jesus Cristo pede perdão e os judeus gritam crucifige — crucifica-O. ” E São Cipriano acrescenta:

Vivificatur Christi sanguine qui effudit sanguinem Christi — “Recebem a vida pelo sangue de Cristo, aqueles mesmos que derramaram o sangue de Cristo”

Na sua morte, tinha o Senhor tamanho desejo de salvar a todos, que não deixa de fazer participar dos méritos de seu sangue àqueles mesmos que Lho extraem das veias à força de tormentos. Numa palavra, como diz Arnoldo de Chartres, ao passo que os judeus trabalham para se condenarem, Jesus Cristo se empenha em os salvar.

E não ficaram improfícuos os seus empenhos; pelo que, sendo mais poderosa para com Deus a caridade do Filho, do que a cegueira daquele povo ingrato, a oração de Nosso Senhor moribundo fez, como escreve São Jerônimo, que no mesmo momento muitos judeus abraçassem a fé; e, na opinião de São Leão, os milhares de judeus que se converteram pela pregação de São Pedro, foram o fruto da oração de Jesus Cristo.

Mas dirá alguém: Porque é que Jesus rogou ao Pai que lhes perdoasse, já que Ele mesmo lhes podia perdoar as injúrias? Responde São Bernardo que assim nos quis ensinar a orar pelos que nos perseguem. Por isso Santo Agostinho conclui:

“Cristão, olha o teu Deus pendurado na cruz; ouve como roga pelos que O crucificaram e depois atreve-te a recusar o perdão ao irmão que te ofendeu”.

II. Cada vez que o pecador peca gravemente, diz São Paulo, pelo que depende dele calca aos pés o Filho de Deus, profana e despreza o seu sangue (1) e chega a renovar a sua paixão e morte: Rursum crucifigentes sibimet ipsis Filium Dei (2) — “Outra vez crucificam Jesus Cristo para si próprios” . — Naquela oração que Jesus Cristo fez por seus crucificadores, abrangeu o Senhor, pela sua divina providência, todos os pecadores e a nós particularmente. Eis porque podemos confiadamente dirigir-nos a Deus e dizer-lhe: Pater, dimitte! — “Pai, perdoai-me!”

Ó Pai Eterno, escutai a voz de vosso amado Filho, que Vos pede que me perdoeis. É verdade que o perdão é obra de misericórdia para conosco, visto que não o merecemos; mas é obra de justiça para com Jesus Cristo, que satisfez superabundantemente pelos nossos pecados. Em vista de seus merecimentos não podeis deixar de nos perdoar e de receber em vossa graça àquele que se arrepende das ofensas que Vos fez. Meu Pai, arrependo-me de todo o meu coração e antes quisera ter morrido mil vezes do que Vos ter ofendido.

Meu Deus, não quero ser obstinado como os judeus; quero mudar de vida; em compensação das ofensas que Vos fiz, quero, para o futuro, amar-Vos com mais fervor; e pelos merecimentos de Jesus Cristo, peço-Vos a graça de executar esta minha resolução. — Ó Maria, minha Mãe, sabeis que sou um pobre enfermo, perdido por causa de meus pecados; mas vosso Filho desceu do céu à terra expressamente para se fazer homem em vosso seio, e assim vos fez Rainha de misericórdia e Refúgio dos desesperados, para curar os enfermos e salvar os que estavam perdidos, desde que se arrependam de seus pecados. Curai-me, pois, e salvai-me pela vossa intercessão.

Referências:

(1) Hb 10, 29 (2) Hb 6, 6

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 146-149)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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