Sexta-feira da Sexta Semana depois da Epifania

Amor de Deus em fazer-se criança

Parvulus natus est nobis, et filius datus est nobis – “Nasceu-nos uma criança, e foi-nos dado um filho” (Is 9, 6)

Sumário. Querendo o Filho de Deus fazer-se homem, podia aparecer no mundo como homem perfeito, assim como foi criado Adão. Como, porém, as crianças atraem mais facilmente o amor dos que as veem, Jesus Cristo quis aparecer na terra como criança, e como a criança mais pobre e humilde que jamais tenha nascido. Como é então possível, ó meu Jesus, que sejam tão poucos os que Vos amam? Do número destes poucos eu também quero ser. Sim, ó Bondade infinita, amo-Vos de todo o coração e sobre todas as coisas.

I. Querendo o Filho de Deus fazer-se homem por nosso amor, podia fazer sua entrada no mundo na idade de homem já perfeito, assim como foi criado Adão. Como, porém, as crianças soem atrair mais facilmente o amor dos que as veem, quis Ele aparecer na terra como criança, e como a criança mais pobre e humilde que jamais tenha nascido. “ É assim que quis nascer nosso Deus ”, escreve São Pedro Crisólogo, “ porque quis ser amado ”. Já o profeta Isaías predissera que o Filho de Deus devia nascer criança e dar-se assim todo inteiro a nós, pelo amor que nos tinha:

Parvulus natus est nobis, et filius datus est nobis (1) — “Nasceu-nos uma criança, e nos foi dado um filho”

Ah, meu Jesus, meu supremo e verdadeiro Deus! Quem Vos forçou a deixar o céu e a nascer numa gruta, a não ser o amor que tendes aos homens? Quem Vos obrigou a deixar o seio de vosso Pai e ser deitado numa manjedoura? Quem Vos fez deixar o vosso reino acima das estrelas, para serdes colocado sobre a palha? Quem Vos constrangeu a deixar os coros dos anjos e estar entre dois animais? Vós abrasais os serafins no santo fogo do amor, e estais tremendo de frio nessa gruta. Vós dais o movimento aos céus e ao sol, e agora, para Vos mover, haveis mister que alguém Vos tome nos braços. Vós dais alimento aos homens e aos animais, e estais precisando de um pouco de leite para sustentar a vossa vida. Vós sois a alegria do céu, e ouço que estais chorando e gemendo. Dizei-me, quem é que Vos reduziu a tão extrema miséria? “Quis hoc fecit? Fecit amor” , diz São Bernardo, – Fê-lo o amor que tendes aos homens.

II. Ó doce Menino Jesus, dizei-me, que viestes fazer sobre a terra? Dizei-me, que vindes aqui buscar? Ah! Já Vos entendo: viestes morrer por mim, para me livrar do inferno. Viestes buscar-me, a ovelha perdida, para que no futuro nunca mais fuja de Vós, e Vos ame. Ó meu Jesus, meu tesouro, minha vida, meu amor, meu tudo, se não Vos amo, a quem hei de amar? Onde posso achar um pai, um amigo, um esposo mais amável que Vós, e que mais do que Vós me queira bem? Amo-Vos, meu Deus, amo-Vos, meu único Bem. — Lastimo ter vivido tantos anos para o mundo, não somente sem Vos amar, mas ofendendo-Vos e desprezando-Vos. Perdoai-me, ó meu amado Redentor, já que me arrependo de Vos ter tratado assim, e me arrependo de toda a minha alma. Perdoai-me e dai-me a graça de não me separar mais de Vós, e de Vos amar sempre no tempo de vida que ainda me resta. Meu Amor, a Vós me consagro todo; aceitai-me e não me rejeiteis como tinha merecido.

— Maria, vós sois a minha advogada; com as vossas súplicas obtendes de vosso Filho tudo o que pedirdes: pedi-Lhe que me perdoe e me conceda a santa perseverança até à morte.

Referências: (1) Is 9, 6

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 239-240)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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