Sexta-feira da Sexta Semana depois de Pentecostes

Quanto agrada a Jesus a lembrança da sua Paixão

Gratiam fideiussoris ne obliviscaris; dedit enim pro te animam suam – “Não te esqueças da graça que te fez teu fiador, pois ele expos sua alma para te valer” (Eclo 29, 20)

Sumário. Quão agradável é a Jesus que nos lembremos da sua Paixão, conclui-se de que o Santíssimo Sacramento foi instituído exatamente para conservar em nós a memória dela. Eis porque todos os santos meditavam continuamente nos sofrimentos e desprezos que o Redentor padeceu em toda a sua vida e particularmente na morte. Procuremos dar esta satisfação ao Coração amabilíssimo de Jesus; contemplemo-lo muitas vezes, mormente na sexta-feira, moribundo por nós, lembrando-nos as penas que com tamanho amor sofreu por nós.

I. Quão agradável é a Jesus Cristo que nos lembremos frequentemente da sua paixão e da morte ignominiosa que por nós sofreu, conclui-se da instituição do Santíssimo Sacramento do altar, a qual foi feita exatamente para guardar sempre viva a lembrança do amor que nos mostrou Jesus, sacrificando-se sobre a cruz pela nossa salvação. – Já sabemos que Jesus instituiu este Sacramento de amor na véspera da sua morte e que depois de ter dado seu corpo aos discípulos, lhes disse, e na pessoa deles também a nós, que quando tomassem a santa comunhão, anunciassem a morte do Senhor (1), quer dizer, que se lembrassem do muito que por nosso amor sofreu. Por isso, a Igreja ordena que na missa o celebrante diga depois da consagração, em nome de Jesus Cristo: Haec quotiescumque feceritis, in mei memoriam facietis – “Todas as vezes que fizerdes estas coisas, as fareis em memória de mim”.

Se alguém padecesse pelo seu amigo injúrias e açoites e depois lhe contassem que o amigo, ouvindo falar disso, nem quer escutar dizendo: Falemos em outra coisa, que pena não havia de sentir de tamanha ingratidão? Que consolação teria, ao contrário, sabendo que o amigo proclama a sua gratidão eterna e dele sempre se lembra e fala com lágrimas de ternura? – Eis porque os santos, sabendo quanto agrada a Jesus Cristo a lembrança frequente da sua Paixão, se tem aplicado sempre a meditar nas dores e nos desprezos que o amantíssimo Redentor sofreu em toda a sua vida e especialmente em sua morte.

Refere-se na vida do Bem-aventurado Bernardo de Corlione, capuchinho, que, quando os religiosos, seus irmãos, queriam ensiná-lo a ler, foi primeiro tomar conselho com Jesus crucificado. Respondeu-lhe o Senhor: Que leitura! Que livros! Eu, o crucificado, quero ser teu livro, no qual poderás ler o amor que te hei consagrado. – Jesus crucificado foi também o livro predileto de São Filipe Benício. No leito da morte pediu o Santo lhe dessem seu livro. Os assistentes não sabiam qual era o livro que desejava, mas frei Ubaldo, seu confidente, deu-lhe a imagem de Jesus crucificado e então disse o Santo: “ É este o meu livro ”; e, beijando as chagas sagradas, exalou a sua alma bendita.

II. Visto que Jesus deseja tanto que nos lembremos da sua Paixão, procuremos, ó almas devotas, imitar a Esposa dos Cânticos que dizia: Eu me assentei debaixo da sombra daquele que é o objeto dos meus desejos (2). Representemo-nos muitas vezes, particularmente nas sextas-feiras, Jesus moribundo sobre a cruz. Detenhamo-nos com ternura na consideração prolongada das suas chagas e do amor que nos tinha quando estava agonizando sobre aquele leito de dor: Não te esqueças da graça que te fez teu fiador, porque Ele expôs por ti sua alma.

Ó Salvador do mundo, ó amor das almas, ó Senhor, objeto mais digno de todo o amor! É pela vossa Paixão que quisestes ganhar nossos corações, mostrando-nos o amor imenso que nos tendes e consumando uma Redenção que nos trouxe a nós um mar de bênçãos e a Vós Vos custou um mar de dores e de opróbrios. Com tantos prodígios de amor alcançastes que muitas almas santas, abrasadas pelas chamas do vosso amor, renunciassem a todos os bens da terra, para se consagrarem inteiramente a vosso amor, ó Senhor amabilíssimo! – Suplico-Vos, meu Jesus: fazei com que eu me lembre sempre da vossa Paixão, e que, miserável como sou, mas vencido, afinal, por tantas finezas do vosso amor, me renda a Vos amar e a dar-Vos com o meu amor alguma prova de gratidão pelo amor excessivo que Vós, meu Deus e meu Salvador, me haveis tido.

Lembrai-Vos, meu Jesus, que sou uma dessas ovelhas, por cuja salvação viestes à terra sacrificar a vossa vida. Sei que, depois de me haverdes remido pela vossa morte, não deixastes de me amar e que ainda me tendes o mesmo amor que me quisestes ter morrendo por mim. Não permitais que eu viva ainda ingrato para convosco, meu Deus, que tanto mereceis meu amor e tanto haveis feito para ser amado por mim. – É esta a graça que vos peço também, ó Maria, pelos merecimentos da dor que sentistes na Paixão de vosso Filho Jesus.

Referências:

(1) 1 Cor 11, 26 (2) Ct 2, 3

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 227-229)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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