Sexta-feira da Terceira Semana depois da Páscoa

Da morte

Estole parati; quia qua nescitis hora Filius hominis venturus est – “Estai preparados; porque, não sabeis a hora em que o Filho do homem há de vir” (Mt 24, 44)

Sumário. A morte é certa, mas não se sabe quando virá. Quantas mortes são repentinas! Quantos à noite têm ido deitar-se sãos e pela manhã apareceram mortos! Não pensavam morrer assim, mas morreram; e se estavam em pecado, acham-se agora ardendo no inferno, onde estarão por toda a eternidade. Para que não nos suceda a mesma desgraça, aproveitemos o conselho de Jesus Cristo, e preparemo-nos para morrer bem, antes que a morte venha: Estote parati — “Estai preparados”.

I. Considera como há de acabar esta vida. Já está decretada a sentença: hás de morrer. A morte é certa, mas não se sabe quando virá. Que é preciso para morrer? Uma síncope cardíaca, uma veia que se rompa no peito, uma sufocação catarral, um vômito de sangue, um bicho venenoso que te morda, uma febre, uma chaga, uma inundação, um tremor de terra, um raio, basta para te tirar a vida.

A morte virá surpreender-te quando menos o pensares. Quantos à noite foram deitar-se sãos e pela manhã foram encontrados mortos! Não pode o mesmo acontecer a ti? Tantos que morreram repentinamente, não pensavam morrer assim; mas morreram. E se estavam em pecado, onde estarão por toda a eternidade? — Seja, porém, como for, o certo é que há de chegar um tempo em que para ti o dia se fará noite: verás o dia e não verás a noite seguinte. Virei como um ladrão, de emboscada e desapercebido, diz Jesus Cristo. Teu bom Senhor avisa-te com tempo, porque deseja a tua salvação.

Corresponde, pois, aos avisos de Deus e aproveita-te deles, prepara-te para bem morrer, antes que chegue a morte: Estote parati — “Estai preparados” . Então não é tempo de te preparares, mas de estares preparado. É certo que hás de morrer. Há de acabar para ti a cena deste mundo, e não sabes quando. Quem sabe se será dentro de um ano?… Dentro de um mês?… Quem sabe se amanhã ainda estarás vivo? — Meu Jesus, iluminai-me e perdoai-me. Ai de mim! Que me resta de tantos pecados que cometi? O coração aflito, a alma agravada, o inferno merecido, o céu perdido. Ah, meu Deus e meu Pai, prendei-me com os laços de vosso amor.

II. Considera como na hora da morte te acharás estendido no leito, assistido de sacerdote que encomendará a tua alma a Deus, dos parentes que estarão chorando, tendo à cabeceira o Crucifixo, na mão a vela mortuária e próximo a entrar na eternidade. Sentirás a cabeça atormentada de dores, os olhos enevoados, a língua seca, a garganta apertada, o peito oprimido, o sangue gelado, a carne consumida, o coração traspassado. — Terás de deixar tudo, e pobre e nu serás atirado a uma cova onde apodrecerás. Ali os vermes te roerão todas as carnes, e de ti nada restará senão uns ossos descarnados e um pouco de pó fétido, e nada mais. Abre uma cova e vê a que está reduzido aquele ricaço, aquele avarento, aquela mulher vaidosa. É assim que acaba a vida!

Desgraçado de mim, que tantos anos não pensei senão em ofender-Vos, ó Deus de minha alma! Agradeço-Vos as luzes que agora me comunicais, e prometo-Vos mudar de vida. Meu Jesus, não atendais à minha ingratidão, mas atendei ao amor que Vos fez morrer por mim. Se eu perdia vossa graça, Vós não perdestes o poder de ma restituir. Tende, pois, piedade de mim! Perdoai-me e dai-me a graça de Vos amar, porque prometo de hoje em diante não querer amar senão a Vós.

Ó meu querido Redentor, entre tantas criaturas possíveis escolhestes-me para Vos amar; eu também Vos escolho, ó Bem supremo, para Vos amar sobre todas as coisas. Vós ides adiante com a vossa cruz: não quero deixar de seguir-Vos com a cruz que queirais dar-me a carregar. Abraço todas as mortificações e trabalhos, que me sejam enviados por Vós. Contanto que não me priveis de vossa graça e me façais morrer uma boa morte, estou satisfeito. — Maria, minha esperança, obtende-me de Deus a perseverança e a graça de amá-Lo, e não vos peço mais nada.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 49-52)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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