Terça-feira da Décima Nona Semana depois de Pentecostes

Da vida retirada

Venite seorsum in desertum locum, et requiescite pusillum – “Vinde à parte a um lugar solitário e descansai um pouco” (Mc 6, 31)

Sumário. Todas as almas que amam o Senhor acham o seu paraíso na vida retirada. Ademais, sabemos que Jesus Cristo quis que, depois dos trabalhos do apostolado, seus discípulos se retirassem para um lugar solitário afim de conversarem só com Deus. Devemos portanto concluir que o retiro para a solidão, feito de tempos a tempos, é necessário a todos, mas em particular aos operários sagrados, afim de conservarem o recolhimento e refazerem as forças para novos trabalhos na conquista das almas. Sem esse retiro, serão poucos os frutos de seus trabalhos apostólicos.

I. As almas que amam a Deus acham o seu paraíso na vida retirada longe do trato com os homens. A sua conversação (isto é, a conversação com Deus), longe das criaturas, nada tem de desagradável, mas alegria e gozo (1). — Os mundanos têm motivos para fugirem da solidão, porque na solidão, onde não os absorvem os divertimentos ou ocupações terrenas, mais vivamente se fazem sentir em seus corações os remorsos da consciência. Eis porque procuram alívio ou pelo menos distração na conversação com os homens; mas quanto mais procuram alívio entre os homens ou nos negócios mundanos, tanto mais acham espinhos e amarguras.

O mesmo não sucede às almas amantes de Deus, porque na solidão acham um doce companheiro, que as consola e regozija mais do que a companhia de todos os parentes ou amigos e mesmo dos primeiros personagens do mundo. Diz São Bernardo:

Nunquam minus solus, quam cum solus — “Nunca me vejo menos só do que quando estou só e longe dos homens; porque então acho Deus que fala comigo e eu por minha vez estou mais atento em ouvi-Lo e mais disposto a unir-me a Ele.”

Quis o Senhor que os seus discípulos, muito embora destinados a pregarem a fé percorrendo o mundo inteiro, interrompessem de tempos a tempos os seus trabalhos e se retirassem à solidão, afim de tratarem somente com Deus. Sabemos que Jesus Cristo, já no tempo que passava sobre a terra, costumava enviá-los a diversas partes da Judéia, para converterem os pecadores; mas, findos os trabalhos, não deixava de convidá-los ao retiro a algum lugar solitário, dizendo-lhes:

“Vinde à parte a um lugar solitário e descansai um pouco.”

Ora, se o Senhor manda isto mesmo aos apóstolos, devemos nós concluir que para todos, mas particularmente para os operários evangélicos, é necessário que de tempos a tempos se retirem para um lugar solitário, afim de conservarem o espírito recolhido em Deus e restabelecerem suas forças para os trabalhos da conquista das almas.

II. Quem trabalha em prol do próximo, mas com pouco zelo ou pouco amor de Deus, com algum intuito de amor próprio, de ganhar louvores e dinheiro, pouco fruto produz nas almas. Por isso o Senhor diz a seus operários: Requiescite pusillum — “Descansai um pouco” . Falando assim, Jesus Cristo não pretendia de certo que os apóstolos se deitassem a dormir; senão que descansassem na conversação com Deus, pedindo-Lhe graças para viverem bem e desta maneira obtivessem forças para tratar da salvação das almas. Sem esse repouso em Deus pela oração, falta a força para cuidar bem do proveito próprio e do dos outros.

Falando da vida retirada, São Laurenço Justiniani observa com razão que ela sempre deve ser amada, mas não sempre guardada: Semper est amanda, non semper tenenda . Quer dizer que os que são chamados por Deus à conversão dos pecadores, não devem ficar sempre na solidão, encerrados na sua cela, porque assim faltariam à vocação divina (por obediência à qual é preciso sair do retiro); mas nunca devem deixar de amar a solidão e de suspirar por ela, porque é ali que acham Deus com facilidade.

Ah, meu Jesus! Pouco amei a vida retirada, porque pouco Vos amei. Andei buscando prazeres e alívios no meio das criaturas que me fizeram perder a Vós, o Bem infinito. Ai de mim! Que vivi tantos anos com o coração dissipado, pensando só nos bens da terra e esquecendo-me de Vós. Suplico-Vos: apossai-Vos de meu coração, já que o remistes com o vosso sangue, abrasai-o em vosso amor e possui-o inteiramente. — Ó Maria, Rainha do céu, vós me podeis alcançar esta graça, e de vós a espero.

Referências:

(1) Sb 8, 16

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 139-141)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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