Terça-feira da Décima Sétima Semana depois de Pentecostes

Devemos recear que o primeiro novo pecado seja talvez o último

Fili, peccasti? Ne adicias iterum; sed et de pristinis deprecare, ut tibi dimittantur – “Filho, pecaste? Não tornes a pecar, pelo contrário roga para que os pecados cometidos te sejam perdoados” (Eclo 21, 1)

Sumário. Não há ninguém tão louco que tome veneno e diga: “Pode ser que os remédios me curem”; e há cristãos que se condenam à morte eterna na esperança de se livrarem dela mais tarde. Meu irmão, tu ao menos sê prudente, e se outrora foste pecador, deves temer mais à proporção do número de teus pecados; porque mais um pecado faria talvez baixar a balança da divina justiça, e então não haveria mais perdão. Oh, quantos foram precipitados no inferno, no mesmo instante em que procuravam qualquer satisfação proibida!

I. Tal é o conselho que nos dá o Senhor, porque nos quer salvar: que não tornemos a ofendê-Lo, e que de hoje em diante procuremos obter o perdão dos pecados cometidos: Ne adicias iterum; sed et de pristinis deprecare, ut tibi dimittantur . Meu irmão, quanto mais ofendeste a Deus, tanto mais deves recear-te de uma nova ofensa, porque um pecado a mais poderia fazer baixar a balança da divina justiça e ficarias condenado. Não digo que depois de mais um pecado não haverá absolutamente perdão para ti; não sei; mas pode acontecer. Dize, pois, quando fores tentado: Quem sabe se Deus ainda me quererá perdoar e se não ficarei condenado?

Dize-me: se fosse provável que alguma iguaria contém veneno, havias de prová-la? Se cresses com certa probabilidade que em algum caminho os teus inimigos estão à tua espreita para te tirar a vida, passarias por ele, havendo outro mais seguro? E que certeza, ou mesmo que probabilidade tens de que, pecando de novo, terás depois verdadeiro arrependimento e não recairás outra vez? Ou que Deus não te deixará morrer no ato mesmo do pecado, ou depois dele te abandone?

Ó Deus! Quando compras uma casa, tomas todas as providências para legalizar o negócio e não perder o dinheiro. Quando tomas um remédio, primeiro procuras certificar-te de que não te fará mal. Se passas um rio, tomas precauções para não cair na água. E depois por uma satisfação miserável, por um prazer imundo, quererás por em risco a salvação eterna, dizendo: Espero que me hei de confessar? – Escuta o que te diz Santo Agostinho: Deus, assim fala o Santo, prometeu o perdão ao que se arrepende, mas não prometeu o dia seguinte ao que O ofende. Se pecares, pode ser que Deus te dê tempo de fazer penitência, pode ser que não. Se não t’o der, que será de ti em toda a eternidade? Entretanto, perdes a alma por um miserável prazer e a pões em perigo de ficar eternamente perdida.

II. Avivemos a nossa fé. Dize-me, meu irmão, a existência do céu e do inferno é uma verdade santa, ou uma pura invenção? Crês que, se a morte te colhesse em estado de pecado estarias perdido para sempre?… Que temeridade, pois, o condenar-te a uma eternidade de penas, dizendo: Espero mais tarde reparar as minhas faltas! Nemo sub spe salutis vult aegrotare – “Não há ninguém tão louco” , diz Santo Agostinho, “que tome veneno e diga: pode ser que depois me cure com remédios”. E queres condenar-te a uma morte eterna, dizendo: talvez me livre mais tarde? Ó loucura que arrastou e continua a arrastar tantas almas ao inferno, segundo a ameaça do Senhor: Pecaste, fiando-te temerariamente na misericórdia divina; mas o castigo cairá de improviso sobre ti, sem que saibas d’onde vem (1).

Eis-aqui, Senhor, um desses insensatos que tantas vezes perdeu a sua alma e a vossa graça, esperando readquiri-las. Ai! Que seria de mim, se me tivesseis deixado morrer em tal tempo, ou durante essas noites, que passei em estado de pecado? Agradeço à vossa misericórdia o ter esperado por mim, e ter-me feito conhecer o meu desvairamento. Vejo que quereis a minha salvação e quero salvar-me. Arrependo-me, bondade infinita, de Vos ter tantas vezes voltado as costas; amo-Vos de todo o coração e espero, pelos merecimentos da vossa Paixão, nunca mais ser tão insensato.

Ó meu Jesus, apressai-Vos a perdoar-me, recebei-me na vossa graça, já que não mais me quero afastar de Vós. Não quero sofrer a desgraça e a confusão de me ver no futuro privado da vossa graça e do vosso amor. Concedei-me a santa perseverança e fazei que sempre Vo-la peça; particularmente, quando for tentado, implorando então em meu auxílio o vosso santo Nome e o de vossa santa Mãe, dizendo: Meu Jesus, ajudai-me; Maria, minha Mãe, socorrei-me. Se a tentação persistir, concedei-me a graça de eu também persistir em vos invocar.

Referências:

(1) Is 47, 10

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 103-105)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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