Terceiro domingo de Julho

Solenidade do Santíssimo Redentor

Apud Dominum misericordia: et copiosa apud eum redemptio — “No Senhor está a misericórdia, e nele há copiosa redenção” (Pv 129, 7)

Sumário. Com muita razão compete a Jesus Cristo o título de Redentor dos homens, porque derramando o seu preciosíssimo Sangue, fez o que este nome significa. Quanto às almas, Ele as remiu da escravidão do demônio e santificando-as pela sua graça, fê-las filhas de Deus e herdeiras do céu. Quanto aos corpos, alimentando-os na presente vida com a santíssima Eucaristia, quer glorificá-los na outra, fazendo-os ressuscitar semelhantes ao seu próprio corpo. E, apesar disso, os homens pensam tão pouco em pagar a Jesus amor por amor! Ao contrário, retribuem-lhe o amor com a mais negra ingratidão!

I. É com razão que se dá a Jesus Cristo o título de Redentor dos homens, porque fez tudo o que este belo nome significa. Primeiro, quanto às almas, Jesus nos remiu da escravidão de Lúcifer e das penas do inferno, apagando com o seu divino sangue o pecado original. E depois, pela instituição do sacramento da Penitência, preparou-nos deste mesmo sangue um banho salutar, no qual pudéssemos lavar-nos das nossas culpas cada vez que tivéssemos recaído.

Adornando as nossas almas com a graça santificante, Jesus as elevou à dignidade altíssima de amigas, esposas, filhas de Deus, e por conseguinte, de herdeiras felizes da glória celeste. Habilitou-nos ainda a aumentarmos mais e mais esta graça e glória pelo uso dos sacramentos e de todos os outros meios que são copiosíssimos na Igreja católica. Quanto ao corpo, em vez do fruto da árvore da vida e da ciência, que teríamos comido, se tivéssemos conservado a justiça original, Jesus Cristo nos deu para comer o Pão dos Anjos, isto é, a Santíssima Eucaristia.

Se Jesus não nos quis isentar da morte, foi para nos tornar mais semelhantes a si próprio, visto que quis morrer pelo nosso amor, e também, como observa Santo Agostinho, para não nos deixar perder o mérito da fé e da esperança na ressurreição futura: duas virtudes mais estimáveis do que a prerrogativa da imortalidade. Numa palavra, são tais e tantos os bens que o segundo Adão nos trouxe pela Redenção, que excedem de muito os males que nos foram causados pelo primeiro: No Senhor há copiosa redenção. Quem, pois, deixará de amá-lo?

II. Cresce a nossa obrigação de amar Jesus Cristo, se atentarmos no que ele pagou para efetuar a nossa Redenção. Não é coisa que custe a um rei, por ocasião de algum grande acontecimento, conceder uma anistia geral e mandar que se abram todas as cadeias. Mas, se aquele rei tivesse de saldar à sua própria custa todas as dívidas de seus vassalos; se tivesse de sofrer pessoalmente todos os castigos dos delinquentes, ó, de certo não quereria comprar por tão alto preço a fama de bom príncipe e a fama de libertador dos homens.

Para nos resgatar, porém, Jesus submeteu-se de livre vontade ao decreto de seu Pai e tomou sobre si todos os nossos males para nos comunicar os seus próprios bens: Vere languores nostros ipse tulit, et dolores nostros ipse portavit (1)— “Ele tomou verdadeiramente sobre si as nossas fraquezas e ele mesmo carregou com as nossas dores”. E, não obstante isso, os homens pensam tão pouco em pagar a um Deus tão amante amor por amor! Retribuem-lhe muitas vezes o amor com a mais negra ingratidão.

Ah, meu amado Redentor Jesus, eu também sou um destes ingratos. Entre todos os homens me amastes com amor especial, favorecendo-me com tantas graças especiais, e mais do que os outros Vos desprezei. Mas não acontecerá mais assim; quero começar a amar-Vos deveras, e não amar senão a Vós, que sois digno de amor infinito. Não me repilais, como mereceria pelos meus pecados, já que Vos peço humildemente perdão. Amo-Vos, meu amabilíssimo Redentor, de todo o meu coração, e quero amar-Vos por todos aqueles que Vos não amam. Proponho fazer frequentes atos de amor, para reparar o tempo em que Vos ofendi, e protesto que quero morrer fazendo um ato de amor, para continuar a amar-Vos eternamente no céu. Assim desejo, assim Vos peço.

“Eterno Pai, que fizestes vosso Filho unigênito Redentor do mundo e por seu intermédio, vencida a morte, nos revocastes misericordiosamente à vida, concedei-me propício que, lembrado sempre destes benefícios, Vos seja unido pela caridade perpétua e mereça participar dos frutos da mesma Redenção” (2). Fazei-o pelo amor de Jesus e pelos merecimentos de Maria Santíssima.

Referências: (1) Is 53, 4. (2) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 359-361)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.